quarta-feira, 22 de abril de 2009

Hilda Hilst


Talvez eu seja
O sonho de mim mesma.

Criatura-ninguém
Espelhismo de outra
Tão em sigilo e extrema
Tão sem medida
Densa e clandestina
Que a bem da vida
A carne se fez sombra.

Talvez eu seja tu mesmo
Tua soberba e afronta.

E o retrato
De muitas inalcançáveis
Coisas mortas.

Talvez não seja.

E ínfima, tangente
Aspire indefinida
Um infinito de sonhos

E de vidas.

- Hilda Hilst -

Nenhum comentário: